segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Sexta-feira, feriado de finados, eu estava querendo trabalhar, dar um gás em algumas pendências que eu estou a muito empurrando com a barriga e não resolvo. Estava eu em casa correndo atrás quando de repente surgiu um convite irrecusável! A pessoa que ligava estava agoniada, me ligou 7 vezes e foi ignorada. Depois disso, esta pessoa me descobriu com o MSN ligado e resolveu fazer campanha por lá! Ela começou como sempre começa, faz como se só quisesse saber se eu estou bem e converte isso num pedido. Achei bonitinha ela usar de todo seu conhecimento pra conseguir me convencer a fazer algo que eu não quero. Saí de casa frustrado, mais uma vez meus planos não serão cumpridos, saí chateado por não ter tempo para as pessoas, saí frustrado porquê eu fico adiando coisas inadiáveis e depois me boto em becos sem saída.

Pois bem, a paralela (avenida de Salvador) sempre me faz pensar. Quando não indignado por algum sacana que está andando devagar à direita ou que estava a 40 e ainda tem a cara de pau de freiar na frente do radar, me faz pensar na vida e em coisas legais. Acho que no fim de semana ou no feriado, posso me dar ao luxo de andar devagar atrás de um lerdo esquerdista ao invés de ultrapassar pela direita e freiar de vez na frente dele numa curva esperando que ele bata no meio fio – tah, confesso que nunca pratiquei este desejo, mas, já sonhei com isso. Pois bem, coloquei numa rádio legal e fui cruzar os 18 km de paralela.

Nesta viagem, pensei no olhar da pessoa que ao me ver, terá um sorriso e uma emoção que indescritível ao final daquela rua. Ela tem este olhar desde que a conheço. É um olhar feliz, profundo, às vezes acompanhado de um sorriso maroto! Pensei sober o quanto de coisas ela falará por segundo só porque eu estou ao seu lado. Desisti de escutar rádio, claro, ela nunca me deixa ouvir o rádio! Pensei em aonde levá-la. 16:30 da tarde, sol demais pra algo ao ar livre e que precise de luz, pois mais tarde escurecerá! Levá-la ao shopping será prejuízo, acaba orçamento do fim de semana.

Cheguei e tive uma supresa, ela estava com a bicicleta ao lado, e aquele sorriso. Ela queria ir pro parque do Abaeté. Lá, ela andará 5 minutos de bicicleta e logo depois vai querer desfrutar das várias opções de laser que existem naquele lugar. Pensei bem e resolvi levá-la ao parque de diversões que está montado na entrada do aeroporto! Os olhos brilharam quando falei qual era minha intenção. Um passeio delicioso, só eu e ela.

Cheguei lá, pensei que ela iria encontrar uma criança que só gostava de brinquedinhos de bebê, que apenas iria ficar naqueles que ficam girando sem graça! Encontrei então um projeto de mulher, que se orgulhava de já ter passado de um metro e vinte e poderia então ir em quase todos os lugares do parque! As filas estavam discretas, comecei levando ela pra dirigir um caminhãozinho, depois em vários daqueles carrosséis modernos. Então resolvi lançar o desafio: vai na montanha russa?

Na fila da montanha russa, lembrei logo que se qualquer mulher outra tivesse comigo, ia ter um filho eu permitindo que ela, orgulhosa de seus 7 anos pudesse pegar entrar lá e sair viva! Ela entrou, com medo, olhou pra mim, o ingresso era só pra ela, eu não podia ir, sentou no carrinho (uma lombriguinha, lagartinha, centopéia, sei lá) e foi fazer sua viagem! Quando saiu, vi aquele cometinha indo pra fila pra ir de novo! Já veio logo com a idéia: enquanto eu tiver no brinquedo, você entra na fila!

Finalmente, para desespero das mães que assistiam aquele pai irresponsável, aponta Sabrina pro chapéu mexicano e diz: pai, vou naquele ali! Mal cabia no banco direito, o cinto era folgado, mas, ela foi! Subia alto e voltava com o sorriso, me procurando lá em baixo. Neste dia, fomos pai e filho, brincamos de andoleta, brincamos de abc, de nosso jeito super especial. Ela achou a amiguinha: Vitória. Pensei logo: pronto, agora só saio quando o parque fechar. Dito e feito, fomos expulsos ao final de tudo. Fui dormir feliz, pois, um convite inesperado me deu uma noite com sorriso.

Sábado, dia seguinte ao feriado de finados, eu estava querendo trabalhar, dar um gás em algumas pendências que eu estou a muito empurrando com a barriga e não resolvo. Estava eu em casa correndo atrás quando de repente surgiu um convite irrecusável! A pessoa que ligava estava agoniada, me ligou 7 vezes e foi ignorada.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal o post. Sua filhota tem sorte de ter um pai assim. Não se preocupe que mais tarde meu filho toma conta dela pra vc, rssss. Bjs!

Euriconelson Sampaio disse...

Seu relato nos leva aos muitos momentos que renunciamos na vida em ter pessoas queridas ao nosso lado. Deixamos que as oportunidades que nos levam a cumplicidade do silêncio sejam massacradas pela falta de tempo de misturar nosso suor.

Quando a vida nos aponta o poente sentimos que não gastamos os nossos solados o suficiente nas passadas a dois.

Parabéns por este momento que voce conquistou com minha neta que, por certo, será relembrado por muitos anos por voces.

Te amo filho e fico muito feliz por voce e por sua sensibilidade em escrever seu mundo.