sexta-feira, 7 de março de 2008

O enterro de uma grande amizade

Uma homenagem póstuma.

Você nasceu em um dia de julho, em 2006, tinha olhos bonitos, tinha uma conversa agradável, tinha um sorriso acolhedor. Começou discreta, de uma maneira simples sem pretensões, só companhia. Apareceu numa hora que eu necessitava ser escutado, ter carinho e atenção. Foi crescendo saudável, como todas as coisas que são feitas para durar, era artesanal e tinha toda a nossa atenção. Virou uma adulta que causava inveja aos outros, chamava a atenção de todas as pessoas que te conheciam. Existem amizades que duram eternidades e não chegam a este ponto.

Morreu em uma tarde de março, em 2008, tomada por um câncer que pouco pude fazer sozinho, mas, que geralmente é bastante comum em sua espécie: a indiferença. É uma doença discreta, nasce com a falta de tempo, converte-se na falta de um abraço e a criação de obstáculos intransponíveis. Imagino que aconteceu porquê você não era mais necessária. Por isso, terminou jogada num canto, como uma capa de chuva depois do inverno. Ou aquele brinquedo usado.

Nesta hora, não existe mais o que fazer a não ser esperar que a outra pessoa envolvida reaja. Lembro-me de quantas noites passei ao seu lado em minha cama esperando que isso aconteça. Lembro-me de quantos sorrisos me privei por estar preocupado contigo enquanto agonizavas. Lembro-me de quantas vezes bati na porta da única pessoa que poderia evitar que você morresse. Mas, foi tudo em vão, depois de 9 meses tive que desligar a esperança e deixá-la ir.

Você me fez sorrir muito. Fomos companheiros em horas quase inesquecíveis. Criou sonhos que me davam um norte. Nas vezes em que perdia o rumo, era você quem me estimulava a continuar. Houve momentos que tudo que eu tinha era você ao meu lado. Fico pensando então o quanto de coisas boas ainda poderia-mos fazer se você não tivesse morrido de forma tão cruel e repentina.

Sei que amizades podem renascer das cinzas, sei que ainda somos aptos a criar uma nova, mas, sei também que ela não será a mesma, existirá sempre a lembrança de sua repentina morte. Sei também que ao morrer você permitiu que novas amizades aparecessem. Mas, estou aqui para te dar um último adeus e pedir a Deus que nunca mais tenha que passar por algo tão dolorido.

Sem mais,

Obrigado por ter existido

Alexandre


Amizade entre Xando e Marinês

25/07/2005 – 02/03/2008

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